sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ypê - Belchior

Contemplo o rio, que corre parado
e a dançarina de pedra que evolui,
completamente sem metas ,sentado.
não tenho sido e eu sou não serei nem fui.
A mente quer ser ,mas querendo erra;
pois só sem desejos é que se vive o agora.
vêde o pé de ypê, apenas mente flora,
revolucionariamente
apenso ao pé da serra.
vêde o pé de ypê, apenas mente flora,
revolucionariamente
apenso ao pé da serra.
Contemplo o rio ,que corre parado
e a dançarina de pedra que evolui,
completamente sem metas ,sentado.
não tenho sido, eu sou não serei nem fui.
A gente quer ter, mas querendo erra;
pois só sem desejos é que se vive o agora.
vêde o pé de ypê, apenas mente flore,
revolucionariamente
apenso ao pé da serra.
vêde o pé de ypê, apenas mente flora,
revolucionariamente
apenso ao pé da serra.



Há um sentido para além de dúvidas e vivências, é o rio que corre mas nós os enxergamos apenas de uma de suas partes, um rio sempre corre, jamais será o mesmo, assim como nós, em constante mudança. É a cidade, com seus prédios crescendo desenfreados sobre aquilo que um dia já foi vivo, já foi mata, essa é nossa bailarina seguindo. Pergunto-me o quanto queriámos ser a fonte, viver sobre o mato, e o quanto a sociedade nos obriga e à outros mais à viver o que elas nos impõe, essa construção insólita e desnecessária de concreto e asfalto. Aí a maravilhosa mente do Belchior nos impõe à beleza de uma bailarina num sentido louco que o seu deslizar, belo e sútio pode trazer males terríveis (esse consumismo banal) que nos priva de ser quem realmente somos e nos faz pensar no futuro e passado nunca no presente. E o trocadilho "apenasmente flora" realmente tudo isso apenasmente flora, como também apenas nossa mente flora (cresce e vive) diante de tanto concreto e asfalto. E assim querendo seguimos errado em querer ser ou ter, quando na verdade já temos e somos tudo aquilo que precisamos. "Vêde o pé do ypê apenasmente flora apenso ao pé da serra" essa é a busca de todo cidadão "urbanizado", estar apenso;preso, agarrado ao pé da serra, buscando no horizonte do litoral uma pontinha do paraíso, um resquício de paz!

2 comentários:

  1. Nossa! Bela análise. Vc foi profundo, e a forma como Belchior canta, com uma harmonia e melodia envolvente e reflexiva, nos instiga ainda mais a buscarmos um compreensão do texto, assim como fizeste. Parabéns

    lenilsonnery@hotmail.com

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  2. obrigado! 7 anos depois que vc escreveu, pude aproveitar e aprender mais sobre essa canção, que deve ser uma das mais profundas sobre o homem e aquilo que se tornou, é e almeja. forte abraço.

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