quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ingazeiras (Ednardo)

Nasci pela Ingazeiras
Criado no oco do mundo
Meus sonhos descendo ladeiras
Varando cancelas
Abrindo porteiras

Sem ter o espanto da morte
Nem do ronco do trovão
O sul, a sorte, a estrada me seduz

É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz
É ouro em pó, é ouro em pó

É ouro em pó que reluz
O sul, a sorte, a estrada me seduz.


Na minha opnião um manifesto à migração. Uma biografia poético-musicada de um sertanejo.
Imagino como deve ser Ingazeiras, esse oco do mundo, como tantos outros sertões, de onde se foge sem querer fugir, onde se fica querendo partir, onde os sonhos brotam na teima da esperança, como chuva que cai depois de meses sem cair. Vejo nessa poesia cantada de Ednardo o sonho como um desafio, o sonhar como um obstáculo "meus sonhos descendo ladeiras, varando cancelas, abrindo porteiras..." Penso no como as condições duras de vida deixam marcas perpetuas em nossa identidade, a poeira pra Ednardo é sua irmã é sua aliada na busca do que a as cidades do Sul parecem oferecer, o ouro em pó, a riqueza que se quer conquistar e que independente dos desafios parece melhor que o abandono das pequenas cidades nordestinas e suas sinas planejadas. Mas o destino é cruel e o ouro, é pó, é ouro em pó que reluz, a cidade e seus desafios, a única mudança é de contexto, e segue a vida e o carregar da cruz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário