quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Seta e o Alvo

Composição: Paulinho Moska e Nilo Romero

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?



O antagonismo das interpretações de mundo, o homem, a mulher...
Dois seres distintos e complementares (assim como a própria seta é para o alvo), os ímpares e pares que perambulam pela vida.
Quase sempre desencontrados, a urgência e o sossego.
Paulinho propõe uma voz meio que indefinida, mas que tem um ar masculino, talvez pelo fato de ser cantada em sua voz, mas enfim...Traz em si o desespero, o elogio da liberdade que em suma não tem sexo. Me percebo em seu desabafo, como aquele que busca no outro um algo que nos limite, que nos encerre em nós, que nos complete sem nos sufocar, um alguém que tope estar de mãos dadas com você quando você decidir se jogar no desconhecido, no abismo. Alguém que te dê liberdade e que seja livre por si e só. Essa canção me faz pensar que o casal perfeito seria aquele que de tão livres sentissem a necessidade perpetua do outro, o ser livre de um dependente do ser livre do outro. Num geral vejo uma grande canção de amor, pois de alguma maneira é um puchão de orelha no parceiro pra que o mesmo possa acordar pra eterna urgência do amor, do amor sem obrigações, o amor/respeito, o amor gratuito e sem exigentes contrapartidas, um amor que nem pareça amor!

PS: Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?